segunda-feira, 30 de abril de 2012

da mágoa que move moinhos...




TODO AMOR

Tenha sua dose de amor próprio
Enquanto cospe um pouco de orgulho no copo
E essa paixão pela auto-depreciação é fascinante
Enche os olhos de lágrimas, muda meu dia
Descubra que o que realmente vale a pena amar
Sempre volta pra te assombrar, se desculpar e mentir um pouco mais
E é obrigatório ajudar, pra não postergar, botar ponto final
Abra o peito para a gratidão e o conseqüente peso da insatisfação
E toda a vaidade incongruente com os bons costumes
Deve deixar cair, para revelar as melhores oportunidades
Por que tanta relutância a desistir?
Por que se rebelar ao fato de se despir?
Jogar as defesas ao chão
Está tão claro aqui, que até percebo um mapa dentro de ti
Mostrando as estradas das frustrações
Que te trouxeram mais pra perto, de mim e do abismo
Essas estradas, não te ensinaram nada
Além de tristezas encobertas em trincheiras rasas?
Venha aos meus braços, um beijo em minha testa
Como bons amigos ou antigos colegas
E quando amanhecer já pode fugir, se esconder
Já apaguei todos os seus rastros e marcas no corpo
E não guardarei nenhuma mágoa, nem lembrança dessa vez
Tudo tão frio, é assim que deve ser
Não vou dar brechas para me arruinar e botar tudo a perder


"Raiva ainda é eufemismo pro que estive sentindo..."



RUÍNAS ANTIGAS

Não podemos nos excluir do que está lá fora
Ao passado, não dá pra ser indiferente
Faz parte de nós
Pra que acreditar que o trauma 
Não irá ressuscitar novas inquietações
É só mais uma ingênua trama neurótica
Só em pensar que dá pra criar um mundo aqui dentro
Que ninguém possa nos atingir, afligir
Mas lembre-se da vez que você abriu a porta
E a fortaleza se desfez em ruínas
Como pragas invadindo os cômodos
Corroeram nossos planos e todos os aposentos
Eram promessas tolas, mas ainda assim, tão nossas
Sussurrar ao vento nossas glórias
Trouxeram as fraquezas, nosso cavalo de Tróia
Desmancharam todas nossas defesas
Mágoas passadas ainda movem moinhos e farpas
Movem montanhas, emoções e sentimento de raiva
Momentânea, mas ainda recorrente
Talvez haja objetivo em esquecer
Em cumprir metade do plano
Mas pedir ajuda assim não é muito eficaz
Um sorriso nos lábios e estratégias de destruição
Já até consigo discernir as dissimuladas pretensões
Todas as falsas informações, implantadas, feitas pra confundir

"Eu sei que da raiva à mágoa deve haver algum tipo de evolução..."

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Orquídeas


Eu sei que o amor soa como uma eletrocussão
E em seu estômago borboletas dançam
Como se flores colapsassem ao seu redor
E então tudo vira a praga do ano
E em um minuto todos os elos se ligam
E se entrelaçam como cadarços aos seus pés
Que você nunca vai tocá-los, nem amá-los
Como deveria, como você prometeu um dia



Eu sempre quis ir para casa
Mas o jantar nunca ficou pronto para me deixar ir
Meu funeral não pode durar tanto assim
Não dessa vez, apesar de tudo está quieto
Eu escrevi sobre amor em meus braços
E sobre seu envolvimento com qualquer tipo canibalismo moderno
Eu pus até fogo em meu corpo
Pedi álcool e fósforo até queimar o céu
E lá vi corpos de fênix pelo chão
Pintei a dedo, uma a uma, com tinta guache e marca-texto
E logo eu que até acreditei em ressurreição
Logo hoje eu descobri que os Elísios não são para mim...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

algo na madrugada...

Estava ouvindo umas músicas que nem tinham a ver com o tema e "do nada" veio a inspiração agora na madrugada... (não é para parecer profundo, poético, nem nada... apenas cru e direto! apesar dos clichês, é o que estou sentindo e querendo expressar agora... sei lá porque! rsrs)










TEORIAS E EXPLANAÇÕES

"Todos os livros que eu li
Nenhum me disse nada sobre você
Como eu poderia te entender
Como eu poderia te vencer
Tantas teorias implícitas e vazias
Tantas manchas em minha língua
Das palavras silenciadas
Devoradas pela fúria da hesitação
E a mágoa continua
Mas agora escondida
Embutida em cada passo
Consumindo nossos atos
Mas não me fez aflito
Pois ainda estou sorrindo
E sei que ainda vou ter a chance de cuspir
Tudo em sua face de uma só vez..."

 
O IMPACTO

"Não estrague o momento
Estou tentando buscar uma desculpa pra te defender
Fingir que esse mal que me fez
Tenha uma razão e um porque
Algo que mantenha sua imagem intacta
Ou pelo menos um pouco menos manchada
Algo que me conforte
Que escoe a realidade fria
E a torne mais fácil de engolir, doce ao paladar
E no fim não me incite a te destruir
Te tirar mais uma vez de mim
Não me obrigue a sufocar do pouco que ficou
Um câncer não se desfaz assim
Ao menos sem anestesia
Perdão é uma palavra linda
Mas não é tão simples como se diz
No dia da revanche, ao ver suas lágrimas
Talvez eu alegue legítima defesa
Eu tinha apenas uma faca, mas você várias palavras
Tão duras como o que teu peito guarda
Quem empurrou quem do abismo então?
Quem se fez de vítima para sair imune da situação?
Você semeou dor e quis colher perdão?"

domingo, 15 de abril de 2012

Ensaios... (intermináveis...)

Esses são alguns textos, frases, tentativas de poesia e letras de músicas minhas, que nunca tiveram completude, assim como eu: vazias... lacunais... incompletas...

A FLOR DA PELE

"Me transmuto em mil corpos
Mas continuo sem forma
Sem identidade, sem lugar
Procuro meu rumo
Fantasiando com horror
E prazer entre os ratos..."

SUBLIME

"Sublimo amores, pois não mais os tolero em mim
Jogo na arte o que não posso sentir..."
   
 
EFEITO

"O seu bater de asas causou uma tempestade
Em mim, em você, em todos nós
Estou sentindo os primeiros ventos de um furação
Então é melhor encontrar um novo abrigo
Com um coração que bata sem que você faça-o parar
Sem que você o faça sangrar..."


PRECE
"Hoje vou gastar mais uma prece
Poderia usá-la com quem merece
Mas tenho que me defender... de ti!"


LERNA

"Me acordei em outro lugar
Precisando cauterizar feridas
Mas sem amigos pra ajudar
Com alguma tocha pra acender
Algo que faça queimar

Mas pra que tanta pressa
Se ainda há muitas cabeças a rolar
Mas pra que desespero
Se já sabíamos que não podíamos ganhar"


CARDÍACO

"Essa dor... Não, isso não é uma parada cardíaca, é apenas amor..." 




 



Conformidade e Persuasão (Psicologia Social)


Esse post é parte de um trabalho sobre psicologia social que eu fiz pra faculdade. Como achei muito interessante ter estudado sobre o tema disposto, resolvi compartilhar o conhecimento...

Conformidade e persuasão*
Um dos fenômenos que mais comumente ocorrem no relacionamento interpessoal é o fenômeno de influência social. Aliás, todos os fenômenos estudados pela psicologia social envolvem, de uma forma ou de outra, algum tipo de influência social. Aronson, Wilson e Akert (2007) dizem que influência social constitui a essência da Psicologia Social. Constantemente estamos tentando influenciar outras pessoas e sendo por elas influenciados. Nossas atitudes derivam muitas vezes de influências de outros significantes e são às vezes mudadas devido a persuasão de que somos alvo. De fato, influenciamos e somos influenciados com freqüência, às vezes com a intenção de fazê-lo e, outras vezes, servindo de referencia positiva (ou negativa) para outras pessoas e as influenciando sem perceber. Zajonc (1968) define a psicologia social como sendo “o estudo da dependência e a interdependência entre as pessoas”. Em outras palavras, a psicologia social estuda a influência recíproca entre as pessoas. Quando falamos em conformidade e persuasão estamos nos referindo ao fato de uma pessoa induzir outra a comportar-se de uma determinada maneira. Isso não é a mesma coisa que mudança e atitude, uma vez que uma mudança de atitude implica numa mudança interna e não apenas comportamental.

Táticas utilizadas para persuadir as pessoas

Robert Cialdin (1993) nos apresenta uma série de táticas utilizadas para persuadir as pessoas:
A tática ou técnica do "um pé na porta" (foot-in-the-door technique) - Muito freqüentemente vendedores oferecem presentes aos consumidores a fim de que eles aceitem e o deixem falar sobre seu produto. Uma vez com "um pé na porta", o vende dor então inicia a tentativa de persuasão destinada a vender o produto ou o serviço que, oferece. Esta tática tem a vantagem de fazer o recebedor da comunicação persuasiva; predisposto a aceitar bem o vendedor (em virtude do presente recebido) e, principalmente de ser ouvido. Qualquer forma de atrair a pessoa alvo da influencia a fim de permitir que o influenciador inicie sua tentativa de influência se enquadra nesta técnica.
A tática ou técnica da "bola baixa" (low-ball technique) - Aqui o persuasor começa solicitando algo que leve a uma fácil adesão, passando depois para a apresentação de outras ações que se seguem a adesão inicial. Por exemplo, Cialdini et al. (1978) recrutaram sujeitos para participarem de um experimento. O experimentador descreve o experimento de forma atraente e, apos obter o compromisso da pessoa contatada para participar como sujeito de seu experimento, disse: “muito bem, então conto com você amanhã, na sala X do prédio Y... às 7 horas da manha". O anúncio da hora do experimento (aspecto desagradável) foi omitido de propósito, só sendo revelado posteriormente, quando já seria mais difícil para a pessoa recusar, face ao compromisso as sumido antes de saber desta característica negativa.
A tática ou técnica da "porta na cara" (door-in-the-face technique) - Esta técnica consiste em fazer a uma pessoa um pedido que certamente será negado (porta na cara), para em seguida fazer o pedido que a pessoa realmente deseja, o qual é muito mais modesto que foi rejeitado. Por exemplo: um menino, que precisa de dois reais para comprar balas, pede a sua mãe 50 reais para comprar balas. Sua mãe obviamente lhe nega. Ele então diz: "Esta bem, 50 é muito mesmo; será que você pode me dar então dois reais?" Esta técnica tem a sutileza de mostrar que a pessoa que quer persuadir a outra (no caso do exemplo, o menino), e compreensiva e flexível, portanto, aceita a negativa inicial; isto, por sua vez, pressiona a pessoa alvo da influencia (no caso em pauta, a mãe) a mostrar a mesma compreensão (e ate a se sentir culpada se disser que não) e não lhe negar agora um pedido razoável. As indefectíveis "listas de natal", elaboradas por carteiros, lixeiros e outros prestadores de serviços na época em questão, costumam ser encabeçadas por ilustres desconhecidos que sempre fazem doações de uma generosidade acima do normal; mas o mecanismo subjacente e o mesmo utilizado no exemplo anterior (menino x balas x mãe): pedir 10 X para ganhar o inicialmente desejado.
Contraste perceptivo - Estudos sobre percepção visual nos mostram que, por exemplo, a cor cinza vista contra um fundo preto e percebida como mais clara do que o mesmo cinza quando colocado contra um fundo branco. De igual modo, uma mesma situação pode ser percebida de forma distinta, dependendo de onde ela esteja inserida. Se uma pessoa quebra um braço no acidente de automóvel onde os demais passageiros morreram, o braço quebrado e visto como algo insignificante; o mesmo não acontecera se uma pessoa escorregar e quebrar um braço enquanto passeando com outras na calçada. O contraste perceptivo e utilizado como tática de influencia social quando, por exemplo, um vendedor, interessado na venda de um determinado produto, mostra ao cliente vários outros muito inferiores antes de mostrar o que quer vender. Tendo como fundo os inferiores, o produto que o vendedor quer vender assume características muito mais atraentes.
Reciprocidade – Se fazemos um favor a outrem, isto nos dá, de certa forma, o direito de solicitar favor igual no futuro. Por exemplo, se eu ajudo um amigo a trocar um pneu furado, caso eu venha a ter um pneu furado e ele esteja perto, eu posso dizer: "ajude-me a trocar o pneu porque eu lhe ajudei em outra ocasião". A solicitação de reciprocidade constitui uma forma de influenciar o amigo a ajudá-lo na troca de pneu.
Tecnologia Social - Uma das estratégias usada pela tecnologia social e a de induzir a estados de dissonância através da provocação de reatância psicológica. Esta e produzida através da tentativa de impor certas atitudes ou crenças sobre as pessoas. Tentando impor o oposto do que se quer obter, canalizam se as forcas de reatância psicológica na direção desejada.

*Referências Bibliográficas:
 RODRIGUES, Aroldo; ASSMAR, Eveline Maria Leal; JABLONSKI, Bernardo. Psicologia social. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Identificar-se



A Identificação segundo a Psicanálise

"Diremos que um sujeito se identifica com alguém ou alguma coisa quando ele se confunde com esse alguém ou essa coisa, quando ele vai até o outro para assimilá-lo e assimilar-se a ele, até torna-se idêntico."

"..."identificar-se" é um movimento em direção ao outro, uma necessidade de absorvê-lo, de comê-lo ou até devorá-lo."

"... a identificação é o movimento ativo e inconsciente de um sujeito, isto é, o desejo inconscientes de um sujeito apropria-se dos sentimentos e fantasias inconscientes do outro."

"...identificar-me com o outro, assimilá-lo e deixar-me assimilar por ele, é exatamente amá-lo."

"...a resposta da psicanálise é muito clara: somos feitos de todas as marcas que deixam em nós os seres e as coisas que amamos fortemente agora ou que amamos fortemente no passado e às vezes perdemos. Isto é os seres e as coisas com os quais nos identificamos.Então quem sou eu? Sou a memória viva daqueles que amo hoje e daqueles que amei outrora e depois perdi. A identificação é aquilo que faz amar e ser o que sou."
 
J.-D. Nasio (O Prazer de Ler Freud)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um pouco de poesia...

Spleen (LXXVI) (Charles Baudelaire)

Eu tenho mais recordações do que há em mil anos.

Uma cômoda imensa atulhada de planos,
Versos, cartas de amor, romances, escrituras,
com grossos cachos de cabelo entre as faturas,
Guarda menos segredos que o meu coração.
É uma pirâmide, um fantástico porão,
E jazigo não há que mais mortos possua.
- Eu sou um cemitério odiado pela lua,
Onde, como remorsos, vermes atrevidos
Andam sempre a irritar meus mortos mais queridos.
Sou como um camarim onde há rosas fanadas,
Em meio a um turbilhão de modas já passadas,
Onde os tristres pastéis de um Boucher* desbotado
Ainda aspiram o odor de um frasco destampado.

Nada iguala o arrastar-se dos trôpegos dias,
Quando, sob o rigor das brancas invernias,
O tédio, taciturno exílio da vontade,
Assume as proporções da própria eternidade.
- Doravante hás de ser, ó pobre e humano escombro!
Um granito açoitado por ondas de assombro,
A dormir nos confins de um Saara brumoso;
Uma esfinge que o mundo ignora, descuidoso,
Esquecida no mapa, e cujo áspero humor
Canta apenas aos raios do sol a se pôr.

*François Boucher: pintor e gravador francês.


O Heautontimoroumenos* (Charles Baudelaire) 
À J.G.F

Sem cólera te espancarei, 
Como o açougueiro abate a rês, 
Como Moisés à rocha fez! 
De tuas pálpebras farei,

Para meu Saara inundar, 
Correr as águas do tormento. 
O meu desejo ébrio de alento 
Sobre o teu pranto irá flutuar 

Como um navio no mar alto, 
E em meu saciado coração 
Os teus soluços ressoarão 
Como um tambor que toca o assalto! 

Não sou acaso um falso acorde 
Nessa divina sinfonia, 
Graças à voraz Ironia 
Que me sacode e que me morde? 

Em minha voz ela é quem grita! 
E anda em meu sangue envenenado! 
Eu sou o espelho amaldiçoado 
Onde a megera se olha aflita. 

Eu sou a faca e o talho atroz! 
Eu sou o rosto e a bofetada! 
Eu sou a roda e a mão crispada, 
Eu sou a vítima e o algoz! 

Sou um vampiro a me esvair
- Um desses tais abandonados 
Ao riso eterno condenados, 
E que não podem mais sorrir!

 *Heautontimoroumenos: carrasco de si mesmo


Nuvem de Praga

"Eu ouço ao longe um ruído vindo do céu noturno, como uma nuvem de praga, as gotas de chuva vêm para justificar e reafirmar minha madrugada de tédio e me aprisionar aqui dentro desse quarto. Mais uma noite em casa, mais uma noite devorando livros antes que as traças o façam, mais uma noite de “nada”, mais conhecimento para minha cabeça, mais café para minhas veias, menos vida para minha sede. Tenho sono, mas tomo mais um comprimido para aliviar o “incômodo”, que já se tornou tão “íntimo” que eu nem mais o noto, talvez posso chamá-lo de “intrínseco”, essencial a mim mesmo. Esta noite ela não veio para me atormentar, a insônia desistiu de me ganhar, logo esta noite que tanto a invoquei, convoquei-a para me acompanhar, mas ela preferiu me abandonar. Mas me mantenho acordado, entre livros desbotados, paginas manchadas, leio filosofias alheias, imaginando se “eles” pensaram tudo aquilo em madrugadas como essa... pensamentos em sua forma poética." (by Mark)