segunda-feira, 2 de julho de 2012

Trilha sonora do acaso



É tarde da noite
Busco a saída
Procuro uma trilha
Uma trilha sonora
Busco uma vida
Uma vida lá fora

Procuro a trilha sonora
Para uma história promíscua
Sem curvas, retilínea
Uma história sem glórias
Mas ainda assim muito minha (ao menos isso...)

Há chuva lá fora
Mas as goteiras ainda estão aqui dentro
Me lembrando o quanto é frio o momento
De estar escrevendo... para ninguém!
Dou uma pausa, falo sozinho, bebo uma água
 
É estranho, às vezes, a inversão de papéis
Ficar parado, entre vírgulas, reticente...
Uma sentença sem enunciado
Intransitivo, sem complemento
Vazio, fosco, opaco, posto de lado
Apenas vivendo...
Fazendo apostas comigo mesmo
Pra ver quem de nós dois ganha no desespero, no grito, no erro alheio
É incrível, mas eu sempre perco!

Fico sentado fico assistindo
Os mesmo programas, falando da cura
Do sucesso pessoal, ironia da madrugada
Reprises do drama cotidiano
Que tanto nos encanta
Se não não estaríamos tão atentos
Mesmo sendo para zombar (de nós ou dos outros?! nunca se sabe.)
E nas noites de tédio eu aprendi 
Que ainda se acredita muito no acaso
Como se fosse fácil a solução do complexo
Como se escrever um nome no papel mudasse algo
Fórmula moderna da salvação instantânea
Os problemas se tornaram tão dissolúveis
Quanto seus donos, por isso estou aqui
Sem forma, sem honra, sem ilusão
Para me tornar íntegro e integrado
Tão certo e preciso quanto um simples jogo de dados