sábado, 23 de fevereiro de 2013

Monólogo de um coração ligeiro


 
Aqueles que hoje bradam serem servos da razão
Não falam mais que idiotices
Também me foram escravos ou um dia serão
E como muitos outros acabarão cometendo tolices
Em nome de algo chamado paixão

Coração ligeiro, nem acabou de beber água
Virou a esquina a procura de outra casa
Em que possa repousar
Mas no fundo nunca acha a calma
Sempre busca um pouco de alma
Que lhe possa completar
Sente estranha paz em fortuitos momentos
Tão ligeiros como si e como o vento
Que não lhe deixam descansar
Mas eu sei que tudo isso ama e adora
E procura toda hora uma cama que possa chamar de lar
Não um lar de qualquer jeito
Mas que lhe faça sentir aceito do jeito que veio e está
Agora e como foi um dia
No hoje se tornar escravo de quem ontem nem conhecia
Mas no presente é intimo e jura morrer e até amar

Quem diria, ironia do destino
Num leito virar inocente que nem menino
Sorridente como num jogo pronto pra brincar
Quem precisa de travesseiros
Quando se tem o calor alheio para se apreciar
Ou deitar-se sobre o seio
E ficar a ermo

Eita coração ligeiro, não entendo porque corre tanto
Quase sempre aparece desesperado ou em prantos
Por errar os caminhos e se ferir
Porque não volta pro teu canto
Talvez conserte os teus danos e no fim volte a sorrir
E como que uma voz vindo de dentro
Ele me respondeu dizendo:
 “Como posso sentir alento
Em repousar nesse peito sabendo
Que tem tantos outros como eu ainda por aí
Esperando por encontros, ainda que efêmeros
Precisando desses simplórios e furtivos momentos
Para dar sentido ao existir”

E não há calmante nesse mundo inteiro
Que adormeça em um coração ligeiro
O desejo intenso de partir
A procura do desconhecido
Mesmo correndo sérios riscos
Aviso nenhum pode o advertir
Nem o fazer em momento algum parar
Mesmo quando em pedaços
Mesmo machucando e sendo machucado
É intrínseco o desejo de eternamente buscar


Com o tempo vai contabilizando os danos
Vai ficando mais brando
Mas nunca menos perspicaz
Um coração ligeiro só aporta
Quando lá em cima bate a hora
E que não se tem tempo mais
Pode finalizar sua missão
Não sendo o que mais conquistou
Mas o que foi o mais fiel servidor
Do amor e a paixão
 

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