quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Estruturalismo, A "morte do homem" e O "Anti-Existencialismo"


Esse texto é sobre uma das correntes filosóficas que por acaso descobri um dias desses lendo um livro de história da filosofia. Muitas de minhas idéais corroboram com a essência dessa linha de pensamento. Principalmente sobre a psicanálise lacaniana que eu não gostava muito, mas que estou lendo muito ultimamente. (Ps: Considero ser sempre bom ler algo que aparentemente não se gosta, porque ou você fortalece a idéia que realmente aquilo não lhe apraz e não ficar só num achismo superficialista ou mudar de idéia e quem sabe até concordar com as idéias apresentadas, ou até mesmo não gostando, poder retirar o que se achar de relevante no texto lido e assim conhecer algo novo e acrescentar um novo conhecimento, evoluir-se intelectualmente.)

O ESTRUTURALISMO

Trata-se precisamente dos usos elaborados por pensadores como Levi-Strauss, Althusser, Foucault e Lacan, que, voltando-se contra o existencialismo, o subjetivismo idealista, o humanismo personalista, o historicismo e o empirismo grosseiramente factualista (com todo o terror que ele tem pela "teoria"), deram origem a um movimento de pensamento, ou melhor, a uma atitude, precisamente a atitude estruturalista, apresentando soluções bem diferentes (das propostas pelas filosofias citadas) para urgentes problemas filosóficos relativos ao sujeito humano ou "eu" (com sua pretensa liberdade, sua pretensa responsabilidade e seu pretenso poder de fazer a historia) e ao desenvolvimento da historia humana (e seu pretenso sentido).

Em poucas palavras, os estruturalistas pretenderam inverter a direção em que andava o saber sobre o homem, decidindo destronar o sujeito (o eu, a consciência ou o espírito) e suas celebradas capacidades de liberdade, autodeterminação, autotranscendência e criatividade em favor de "estruturas" profundas e inconscientes, onipresentes e onideterminantes, isto é, de estruturas onívoras em relação ao "eu". E isso a fim de tornar cientificas as "ciências humanas".

Desenvolvendo-se na França a partir da década de 1950, o protesto estruturalista teve como alvo mais imediato o existencialismo, cujo humanismo (com o papel primário que ele atribui ao eu "condenado a ser livre" e criador de historia) é logo acusado, entre outras coisas, de n5o ser nada cientifico, antes, pelo contrario, de ser completamente refratário a toda uma serie de resultados científicos que proclamam inequivocamente a falsidade da imagem do homem construída pelo humanismo existencialista, transmitida e defendida por todo espiritualismo e por qualquer idealismo.

Desse modo, o estruturalismo configura-se como a filosofia que pretende erigir-se com base em nova consciência cientifica (lingüística, econômica, psicanalítica etc.) e que, por seu turno,
traz a consciência da redução da liberdade em um mundo sempre mais "administrado" e "organizado": ele é a consciência dos condicionamentos que o homem descobre e - digamos - dos obstáculos que talvez ele próprio criou para si e cria no caminho de sua iniciativa livre e criadora.

Para sintetizar, podemos dizer que, para o estruturalismo filosófico, a categoria ou idéia de fundo não é o ser, mas a relação; não é o sujeito, mas a estrutura. Os homens não tem significado e "não existem" fora das relações que os instituem, os constituem e especificam seu comportamento. Os homens, os sujeitos, são formas e não substâncias.

O humanismo (e "o existencialismo é um humanismo" - como dizia Sartre) exalta o homem, mas não o explica. O estruturalismo, ao contrario, pretende explicá-lo. Mas, explicando-o, o estruturalismo proclama que o homem está morto.

Retirado de: REALE, Giovanni; ANTISERI. Historia da filosofia, vol. 7 de Freud a atualidade.

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