PARTE 1
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Objeto: Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil.
Objetivos: Apresentar as bases históricas e epistemológicas da psicologia comunitária no país.
Principais conceitos:
Psicologia comunitária: “referindo-se
a atuação de profissionais junto a populações carentes, porém a maioria dos
trabalhos dessa época tinham um forte cunho assistencial e manipulativo,
utilizando técnicas e procedimentos sem a necessária analise critica – a
intenção era boa, porem não os resultados obtidos.” (p.18)
Psicodrama-pedagógico: “é
colocado como objetivo a educação popular, auxiliando o grupo a perceber a sua
própria realidade, e a sua própria cultura.” (p.21)
Centros sociais: “deram
origem aos atuais centros comunitários. Esses contavam com o apoio da igreja
católica, de assistentes sociais e órgãos governamentais, criando equipes
itinerantes interdisciplinares (médicos, agrônomos, assistentes sociais e
outros) que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos
trabalhos propostos – basicamente educativos. Porém em pouco tempo se
desfaziam.” (p.26)
Consciência e atividade: “categorias
fundamentais do psiquismo humano, que sistematizam muito do que se sabe sobre
comportamento, aprendizagem e cognição.” (p.31)
Identidade:
“categoria que leva ao conhecimento da singularidade do individuo que se
exprime em termos afetivos, motivacionais, através das relações com os outros –
ou seja, na vida grupal.” (p.31)
Relações grupais:
“vinculo essencial entre o individuo e a sociedade.” (p.31)
Principais conclusões:
“Assim vamos
encontrar, sob o rotulo de psicologia social comunitária, uma pratica voltada
a: a) prevenção de saúde mental, unindo psicólogos, psiquiatras e assistentes
sociais e b) educação popular com a participação de pedagogos, psicólogos,
sociólogos e assistentes sociais.” (p.19)
“Nesse sentido, o
que identifica qualquer profissional ligado realmente aos movimentos populares
é o seu papel de educador popular, embora ele possa dar uma contribuição maior
na área de conhecimento que ele se formou.” (p.21)
“enquanto psicólogos,
devem lidar com a dinâmica de grupos, de encontros, com questões metodológicas
de avaliação, também devem lidar com as tensões e problemas de relacionamento,
porem sem fazer recorte – todos se identificam como educadores populares.”
(p.21)
“a atuação do
psicólogo deve dar-se no sentido de que a resolução das situações de crises
individuais resulte na superação das contradições sociais que geraram através
de um processo de conscientização.” (p.22)
“a existência de
uma relação estreita entre saúde e condições de vida, cabendo aos psicólogos
atuar no sentido de que as condições e modos de vida precisam ser dominados
para que haja autonomia de sujeito para exercer a sua saúde.” (p.24)
“o psicólogo
esbarra nos limites teóricos e técnicos de sua formação na universidade, que
não lhe permite responder as demandas de atendimento psicossocialmente
colocadas pelas populações que freqüentam estes postos de saúde.” (p.24)
“um avanço na
definição do que seja uma atuação do psicólogo em comunidades, cabendo a ele
desenvolver grupos que se tornem conscientes e aptos a exercer um autocontrole
de situações de vida através de atividade cooperativas e organizadas.” (p.25)
“Em suma, este
estudo, mostra com clareza a existência de trabalhos comunitários que, por sua
origem paternalista e objetivos assistenciais, levam a manutenção de
consciências fragmentadas pelo idealismo e individualismo, e, de fato,
impedindo qualquer avanço tanto na ação como na consciência.” (p.28)
“As diversas
experiências comunitárias vem apontando para a importância do grupo como
condição, por um lado, para o conhecimento da realidade comum, para a
auto-reflexão e, por outro, para a ação conjunta e organizada.” (p.30)
“o psicólogo na
comunidade trabalha fundamentalmente com a linguagem e representações, com
relações grupais – vinculo essencial entre o individuo e a sociedade – e com as
emoções e afetos próprios da subjetividade, para exercer sua ação em nível da
consciência, da atividade e da identidade dos indivíduos que irão algum dia,
viver em verdadeira comunidade.” (p.31)
“Fazer psicologia
comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao homem que o impedem
de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade, ao mesmo
tempo em que, no ato de compreender, trabalhar com esse homem a partir dessas
condições, na construção de sua personalidade, de sua individualidade critica,
da consciência de si (identidade) e de uma nova realidade social” (p.32)
“É no contexto
grupal que nos identificamos com o outro e é nele também que nos diferenciamos
deste, e assim construímos a nossa identidade, sendo o grupo condição para a
sua manutenção ou metamorfose.” (p.32)
Comentário pessoal: As práticas apresentadas, no capítulo
demonstram a forma como o psicólogo foi atuando e modificando suas teorias e
técnicas ao longo do tempo, mostrando que seu trabalho tem que ser em conjunto
com a comunidade, sem se colocar em posição de superioridade, sem impor sua
ciência, fazendo que os integrantes da comunidade pensem por si próprios,
resolver seus próprios conflitos, superar o individualismo egoísta e
desenvolver um pensamento crítico no sujeito, uma consciência de si, uma identidade,
resgatar a subjetividade e ter consciência das relações de poder existentes na
vida social, ao mesmo tempo em que ajuda a comunidade a se organizar e
trabalhar em cooperação. E para isso é necessário atuar de forma educativa em
conjunto com sociólogos, pedagogos entre outros profissionais.
Palavras-chave: Consciência, Identidade, Autonomia
PARTE 2
Objeto: A psicologia na comunidade, a psicologia da comunidade e a psicologia
(social) comunitária
Objetivos: Apresentar a diferença entre psicologia na comunidade, da comunidade e psicologia comunitária e suas práticas entre as décadas de 60 a90, no Brasil.
Principais conceitos:
Trabalhos em comunidade: “Eram
trabalhos comunitários que atendiam aos interesses das elites econômicas do país,
cujos profissionais em sua maioria provenientes das ciências humanas e sociais,
ocupavam nesses projetos funções estratégicas destinas a prestação de serviços
básicos a população.” (p.57)
Psicologia na comunidade: “surgiu e recebeu essa identificação de na comunidade, numa época em que
isso era fundamental: eram momentos em que psicologia vivia, fortemente, uma
crise em relação aos modelos importados e alheios a realidade brasileira e,
dessa forma, assumia a proposta de se deselitizar e de se tomar mais ligada as
condições de vida da população.” (p.72)
Psicologia da comunidade: “passou a se referir as praticas ligadas as questões da saúde, ao
movimento de saúde, e que envolviam atividades que se realizam através da
mediação de algum órgão prestador de serviços, que se constituía na instituição
na qual o psicólogo trabalhava.” (p.73)
Psicologia (social) comunitária: “utiliza-se do enquadre teórico da psicologia social, privilegiando o
trabalho com os grupos, colaborando para a formação da consciência crítica e para
a construção de uma identidade social e individual orientadas por preceitos
eticamente humanos.” (p.73)
Principais conclusões:
“vários trabalhos
junto aos setores mais desfavorecidos da população, quase todos com fortes
elementos assistencialistas e paternalistas.” (p.57)
“Historicamente,
desde a sua criação como profissão no Brasil, a psicologia tem passado por
vários tipos de pratica. Tradicionalmente nos consultórios, nas organizações e
nos ambientes educacionais. Assim era, em especial, na década de 60.” (p.60)
“O psicólogo
trabalhava de uma maneira voluntaria, não remunerada e firmemente convicto do
seu papel político e social junto a esses setores da população. Os referenciais
teóricos e metodológicos da sociologia, da antropologia, da historia, da
educação popular e do serviço social tornaram-se conhecidos pelos psicólogos,
que passaram a empregá-los com certa prioridade, nos trabalhos que desenvolviam
nas comunidades.” (p.62)
“A preocupação
fundamental era o desenvolvimento de atividades e tarefas que permitissem
colocar a psicologia a serviço dessas populações, e ao mesmo tempo, em alguma
dessas praticas, havia o compromisso de colaborar para que as pessoas se
organizassem e reinvidicassem por suas necessidades básicas e melhorias das
suas condições de vida. Tentava-se descaracterizar a psicologia como uma
profissão elitista e que havia feito alianças com a burguesia.” (p.62)
“tal envolvimento
e identificação com a vida e a situação dos desfavorecidos tornaram-se
possíveis, somente pelo dato da população estar vivendo condições concretas,
extremamente difíceis, que produziam tal repercussão que tornaram esses
intelectuais mais sensíveis as problemáticas presentes nesses segmentos
sociais.” (p.64)
“as atividades
desenvolvidas apresentavam varias características, desde a promoção de reunião
e discussões em torno das necessidades vividas pela população, passando por
levantamentos e descrições das condições de vida e das deficiências
educacionais, culturais e de saúde da população, assim como por oferecer algum
tipo de assistência psicológica gratuita, até a participação conjunta em
passeatas, mobilizações e abaixo-assinados, dirigidos as autoridades como uma
forma de protesto contra as precárias condições de existência e como uma
maneira de reinvidicar os serviços básicos.” (p.65)
“Para se
contribuir com uma vida psicológica mais saudável, é necessário que o trabalho
a ser desenvolvido ultrapasse a esfera do individual e do particular, ao mesmo
tempo, em que adquire uma perspectiva de apreensão da realidade – em sua
totalidade e em sua concretude histórica – podendo então apreender a vida real
e concreta das pessoas.” (p.76)
Comentário pessoal: Com a repressão e a miséria das camadas mais
desfavorecidas da população, principalmente no período da ditadura militar, a
psicologia se uniu os referenciais teóricos de áreas da ciência como a
sociologia, antropologia, pedagogia, história para fundamentar sua pratica
nessa época. Os psicólogos nesse período trabalhavam de forma voluntária,
clandestina. Empenharam-se também em deselitizar a psicologia, tida por muitos
como uma ciência essencialmente burguesa. Os psicólogos envolvidos nessa causa
começaram a ajudar as comunidades a fazer levantamentos das necessidades delas,
oferecer alguma assistência, até apoio em protestos por melhores condições para
as comunidades.
Palavras-chave: Ditadura, População desfavorecida, Deselitização
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